J. Araujo

I....... Axis

II......Waco, Texas

III..... Espíritos

Axis

(Por J. Araujo, 1999)

De todas as pessoas no mundo
Eu escolhi você
De todas as cabeças que ainda teimam em iluminar
Eu escolhi morrer ao seu lado

De todas as almas que ainda frutificam dourados momentos
Eu escolhi sentar aos seus pés

Minha amiga...
Escolhi ficar no eixo que rege o passado

Escolhi admirar sua esclerótica nas alvas que restavam

Suas palavras doces ainda reverberam em meu cérebro
De carne e sangue
Vivo e pulsante
Ainda esperando por você
Em seu eixo

Onde descançam nossos pais
A nossa terra natal
Azulada e fria...
Que Deus tenha piedade de nós.

(Ps.: Um dos poemas mais tolos que já pude escrever...)

Waco, Texas.


(por J. Araujo, 1999)


     Olhe para minhas mãos fortes cederem ao tempo e as novas missões
Anjos deceparam meus eus
À uma braça de distância do mundo real
Enterrado no fundo das Marianas
O ponto mais profundo
A alma coletiva
Meu território nada mais vale...
Desfaça-se em sal, minha carne...
Desfaça-se ser sem rosto e irreal
Sangue de meu sangue
Beberemos o licor dos vitoriosos
Tudo hoje cheira à liberdade Carne de minha carne
Não era você...
Não era o ponto certo
Estava no polo errado
Lá onde não brilha a aurora
Não havia estrelas
Nem sonhos Nem dor Nem lágrimas
Extrema santidade
Verdade suprema
Glacial indiferença
Nem resto de Atlantis
Tão pouco os meus ossos
Somente uma lembrança
Aquela sensação me corroendo
Era o tempo errado
Tua ilha já não era mais o meu perfeito lar
Apenas aquele aroma distinto
Aquele brilho frio da prataria em que me serviu
Alma de minha criação
O céu não é nosso...

     

Espíritos

(por J. Araujo, 1997-98)

Pode sentir a presença dele?
Inundando nossas almas com seu fervor
Procuro um lugar mais alto
Longe do fogo

Procuro um lugar 
mais alto do que as nuvens que bloqueiam sua face

As ruas permanecem molhadas
A lua brilha de maneira incomum
Não vejo mais milagres
Apenas sinais em minha estrada intrasitável

Vejo sinais que dizem que não sou mais o mesmo

Olho no meu espelho quebrado
e não vejo mais o mesmo rosto

As cobras querem tomar a minha alma
Pode agora me dar a contrição, oh, alma benevolente?

Quero fugir dos cães
que fareja meu sangue ainda quente

Eu quero ir ao palácio do exílio
experimentar o gosto da paz
Não me lembro dos nomes de seu reino
nem das palavras que disse ao meu ouvido

Apenas lhe peço...
pode me dar a contrição?
Posso ser absolvido por nunca ter tocado no pecado que desejei tanto?
 
Minha alma não foi encomendada à ele 
Rezei apenas para Santo Antônio em meus momentos reveladores
Mas lhe peço mais uma vez,
pode me dar a contrição?

Falo apenas de espíritos
de longitudes
e de latitudes
Daquele que tudo vê e rege
Daquele que castiga e pune
A severidade de não saber

Pode me devolver a minha natureza?

Pode me dar um coração?